Wednesday, February 27, 2008

Cooperação em Gort


Saí de casa 25 minutos antes do ônibus partir, às 11:05. Cheguei na pequena rodoviária, ao lado da praça com uma folga de 10 minutos. Comprei a passagem de ida-e-volta por 11 Euros e fui para a parada n. 4, como a atendente recomendou.

Quando entrei no ônibus e disse que estava indo para Gort o motorista disse que era o ônibus de trás. Então eu disse a ele que me falaram "parada n. 4, ônibus 51", ou seja, o dele. Ele disse "Ela está cansada de saber que é para falar para as pessoas pegarem o outro ônibus. Tem gente que nunca aprende". Daí eu confirmei "Você pára em Gort, então?". Ele perguntou "Você tem para-quedas?". Eu disse "Não". Ele respondeu "Então vou ter que parar". Eu ri é claro.

Em menos de 40 minutos já estava em Gort. Quando desci do ônibus deparei-me com uma senhora brasileira esperando para atravessar a rua. Aproveitei e já pedi ajuda para encontrar o local. Quando paramos em frente à igreja, o ponto de referência dado pela agência, uma senhora irlandesa viu que eu estava perdida e ofereceu ajuda. Ela não sabia onde era o lugar, então voltei pelo caminho percorrido com ela. Ela pediu ajuda para um senhor irlandês que limpava a rua. Ele me aconselhou a entrar neste pub da foto (não sou eu nela, peguei na internet).

Entrei lá e conversei com uma funcionária brasileira que falou para eu perguntar para o dono do salão brasileiro. Ele não sabia onde o lugar ficava. Daí lá fui eu novamente tentar achar o lugar. Pedi ajuda para dois senhores irlandeses. Eles também não sabiam onde ficava.

Quando voltei para a estaca zero o senhor que limpava a rua perguntou se eu já tinha encontrado o tal lugar. Assim, quem estava ao redor da praça entrou no espírito de cooperação para me ajudar a encontrar o bendito lugar. Acabou que ele ficava na rua por onde eu ía e vinha todo aquele tempo. Consegui o feito de me perder em Gort.

O trabalho em si não teve nada de especial. A única diferença é que desta vez foi realizado numa residência e não no hospital. O que valeu para mim foi ser acolhida naquela cidadezinha. Confesso que como há tantos brasileiros vivendo lá (eles são quase 800, ou seja, 1/4 da população) eu não imaginava que justamente lá isto iria acontecer.

Ainda tive a oportunidade de conversar com 3 brasileiros no famoso ponto de oferta de trabalho, chamado de Pedra. Não passa de uma esquina, como outra qualquer. Eles vão para lá na esperança de alguém contratá-los para trabalhar por um dia.

Um dos homens, originariamente de Recife, me disse, quando perguntado, que aqui ele sente-se como um objeto de trabalho e que tudo gira em volta de dinheiro, que na Suíça o apoio à pessoas com menos recursos é sem comparação, que lá ele já ficou num abrigo onde recebeu roupa de cama limpa.


Fiquei pesarosa por ele, mas o que testemunhei enquanto trabalhava foi algo muito diferente. A assistente social foi até a casa da brasileira (mãe de um bebê de 2 semanas) para levar fraldas e etc e auxilia-la a registrar o bebê e ser atendidada de graça para tratar de um problema de saúde.