Sunday, March 23, 2014

Cena triste no parquinho


Hoje vi uma cena triste no parquinho. Um menino com cerca de 5 anos tentava subir num brinquedo e resmungava um pouco com medo. A mãe, ao invés, de simpatizar com o sentimento do filho, começou a balançar a corda em que ele estava dependurado e a dizer ¨Meninos são corajosos!¨. Não pude ver o final porque tinha que observar  minha filha. Observo que os meninos são os que mais sofrem com o que vou chamar de bullying infantil, por falta de um termo técnico que se aplique melhor. 

Geralmente são os pais que empurram brinquedos com uma força além da esperada para a idade da criança que está nele. Meu marido diz que esses homens estão procurando deixar seus filhos mais durões. Eu concordo com ele. Esses pais parecem querer antecipar o que os meninos sofrerão na escola, embora eu não possa afirmar ao certo se é isso mesmo. O que sei é que acho muito estranho. Talvez porque para mim medo não é sinônimo de diversão, especialmente se causado por terceiros. Se a criança procurar um brinquedo porque gosta do ¨frio na barriga¨, são outros quinhentos ao meu ver.

De volta ao menino de 5 anos que sofreu bullying infantil pela própria mãe hoje. Ele parecia nunca ter subido naquele brinquedo antes. Leva-se tempo para uma criança (ou adulto!) dominar algo novo. Apressar o domínio de um novo brinquedo é uma espécie de terrorismo nada produtivo. Acredito que os pais devem ser fonte de segurança sempre. Imagino que  se o menino frequentasse o parquinho com frequência ele teria tanta desenvoltura quanto as crianças mais novas que o utilizam.

Todavia, o que mais me atordoa com a cena de hoje é pensar que a própria mãe pode minar a confiança do filho ou ridicularizá-lo. Sou do pensamento que o que acontece em público é uma fração do que acontece em casa. Digo isso porque acredito que a maioria dos pais que agem em erro o fazem sem intenção. Portanto não penso que todos procuram ser bonzinhos em público quando em casa são monstros, pois este tipo de pai e mãe, estão ao meu ver, numa categoria diferente, bem diferente, são pessoas doentes. Doentes no termo literal, não no sentido ofensivo da palavra, se é que você me entende.

Enfim, acho que uma mãe como a que vi hoje ensina o filho a não ouvir seus sentimentos. A criança abafa o que sente e se torna uma pessoa sem sintonia com seus sentimentos, uma pessoa endurecida ou violenta, que dá trabalho na escola ou às vezes consegue abafar tudo isso por mais alguns anos ou dá trabalho para si mesao ao conviver com os outros. Se torna uma pessoa com problemas mentais, de novo, no sentido literal das palavras. Será que alguém entende o que estou querendo dizer? Palavras melhores parecem fugir da minha mente. Tenho que escrever com mais frequência. Obrigada por ler até o fim.