Monday, December 26, 2011

Bebê, o grande engano

Após completar 30 anos minha mãe me disse algumas vezes que com a minha idade ela já tinha tido os quatro filhos. Este foi digamos o ¨toque¨ que ela me deu para eu arregaçar as mangas e constituir uma família. Contudo nesta mesma época eu tinha chegado a conclusão que o melhor que eu podia fazer é ser feliz solteira.

Não que eu tivesse decidido não me casar, não é bem isso. Apenas foquei em  fazer coisas que gosto e ser feliz em decorrência disso. É claro que eu sabia que o tal do relógio biológico estava batendo e que eu não podia cruzar os braços. Contudo, deixei de lado as minhas estratégias para conhecer alguém bacana. Como disse, foquei em mim, mas com a consciência de que eu não tinha a vida toda para conhecer alguém e ter uma família.

Entretanto, ficar grávida nunca foi um sonho, muito menos cuidar de bebês. Para mim gravidez era um sacrifício que tinha que fazer para ter uma filha. Perceba que disse ¨filha¨, não ¨bebê¨. Sempre via bebês como pequenos seres que dão muito trabalho e que precisam mamar, ter a fralda trocada e mamar e assim sucessivamente todos os dias sem cessar. Em outras palavras: outro sacrifício. Mas pior que a gravidez, pois você não pode dormir muito.

Confesso que ainda pensava que bebês viviam no mundo deles e que só se comunicavam com outro bebê com seus ba-ba-bas e agu. Já reparou que bebês tem uma facilidade para falar ¨agu¨?

Não seria injusto dizer que eu subestimava muito os bebês até ter meus sobrinhos. Como todos moram no Brasil não participei do dia-a-dia da transformação de bebês em crianças, mas quando estive lá a última vez,  percebi que choro de criança já não era tão terrível como antes. Na verdade eu achei uma fofura a minha sobrinha choramingando após tomar umas vacinas. Inclusive filmei ela durante este estado de desconforto achando tudo lindo. Realmente algo já havia mudado em mim. Era o instinto maternal batendo na minha porta.

Contudo, já casada e combinada de esperar dois anos para tentarmos um bebê eu ainda não conseguia explicar porque eu queria um. Tanto trabalho, talvez algumas renúncias. Tudo por anos a fio. Era muito importante para mim saber porque eu queria ter filhos, especialmente devido ao que expliquei: eu pensava numa criança falante ou em um adolescente falante, então, eu tinha que saber se eu estava preparada para passar pelas partes difíceis: a gravidez e o bebê.

Cheguei a conclusão que as mulheres tem muito amor para dar e se canalizarmos todo o afeto no marido ele ficará com a bola muito cheia e se cansará de nós. risos Também decidi que instinto maternal é algo que se tem ou não tem. Não dá para explicar. Se você o tem você sente um certo buraco a ser preenchido, também chamado de vazio.

Embora o vazio seja pequeno, pois você já tem o potencial pai da criança ao seu lado, qualquer vazio é um vazio que causa uma melancolia, um sentimento de esperar por algo. Algo que você precisa embora você aparentemente tenha tudo e é feliz, ainda falta algo para fazer esta felicidade mais completa.

Por isso o dia de ontem, o Natal, não foi mais especial. Natal é o nascimento de Jesus, que está no céu e não podemos vê-lo ou tocá-lo. Mesmo assim ficamos felizes nesse dia. Para mim todos os dias são tão especiais quanto o Natal. Todos os dias sou feliz por ter a minha fofucha na minha vida.

As mamadas e as trocas de fraldas são meros detalhes em vastos momentos de interação com ela, que tem apenas 11 semanas de vida. Ela não vive em outro mundo, mas faz o meu mundo muito mais feliz com seus sorrisos largos e olhar intenso nos meus olhos. 

Ela reparou em todos os enfeites de Natal colocados na casa e isso foi a gota d'água para eu concluir que bebês são seres humanos muito atentos e inteligentes. Se eu não ficar esperta sou eu quem vou perder marcos no desenvolvimento dela, que é muito rápido. Não quero perder nada!