Tuesday, April 13, 2010

Questão de pele

Certa vez estava num almoço de despedida de uma advogada do escritório. Éramos quatro mulheres, então, o clima era bem descontraído, pois nenhuma das duas advogadas são formais. Uma também é escritora e atriz e a verdadeira paixão da outra é estudar irlandês, digo, a língua irlandesa.

Falamos sobre uma senhora com traços físicos caribenhos que é conhecida por todos e sobre outras pessoas até uma delas me dizer que eu passaria por uma irlandesa escura. Dark Irish foi o termo que ela usou. Fiquei suprersa com a declaração dela, pois no Brasil eu ganhei o apelido de Gasparzinho no último lugar que trabalhei…

No último feriado da Segunda-Feira de Páscoa, meu marido e eu fomos almoçar com uma amiga e a mãe dela, que veio dos EUA visitá-la. Enquanto conversávamos após a refeição, fomos abordados por um irlandês na faixa dos 40 e tantos anos que iniciou o seu pedido de apoio à uma causa beneficente olhando para o lado em que a minha amiga estava sentada com a mãe e perguntando se elas sabiam falar Inglês, pois, de acordo com ele, suas peles eram escuras – ele se aproximou muito rápido e não percebeu que falávamos Inglês, a língua materna da maioria ali. 

Por isso, deduzi que se você não é branco rosado, como os padres estrangeiros que vemos no Brasil, você não é visto como sendo branco ou até mesmo irlandês - se não te conhecem ou não te ouviram falar (para poderem determinar a sua origem de acordo com o seu sotaque ou ausência dele).

Contudo, se você vive aqui por muitos anos, se integra na comunidade, falando a língua local e absorvendo o jeito de ser dos irlandeses você é considerado como um deles, assim como aquela senhora que mencionei antes, que muito provavelmente não nasceu na Irlanda ou tem pais irlandeses e de fato não é branca.

Eu diria que os irlandeses são menos acostumados a ver pessoas com ascendência africana, pois elas começaram a emigrar para Irlanda em maiores números há apenas 10 anos, o que na contagem irlandesa não é muito tempo.