Friday, May 27, 2011

Pimenta Neves, a cegueira da justiça e a pacificação no Rio


Aprendemos que a Justiça é cega e que não deve oferecer privilégios a nenhuma das partes. Contudo, o caso da jornalista Sandra Gomide nos refresca a idéia de que no Brasil ela é especialmente cega quando uma delas tem condição de pagar advogados dispostos a impetrar todos os recursos cabíveis para retardar até a prisão de um réu confesso como Pimenta Neves. 

Inconformado com o fim do romance com a colega de profissão, o ex-diretor de redação do jornal O Estado de São Paulo disparou dois tiros contra a ex-namorada. Um sabidamente pelas costas. 

Ele seguiu morando em um bairro nobre em São Paulo por 11 anos. Nem precisou dar-se ao trabalho de fugir do país, pois sabia que a sua posição social lhe garantiria a liberdade por todo esse tempo.

Após a prisão de Pimenta, o pai da vítima, de cama, falou que espera que ele fique ao menos 5 anos preso. A vida o ensinou que esperar a aplicação correta da justiça no Brasil para alguém como Pimenta seria uma grande ingenuidade. 

A finesse da polícia, que pode ser vista nos vídeos da Globo, é digna de primeiro mundo. O delegado toca a campainha e espera calmamente o assassino resolver entregar-se à prisão. Eu não consigo imaginar o mesmo num morro do Rio. 

Num morro do Rio eu imagino que atira-se antes e faz-se perguntas depois e se houver algum civil inocente passando no meio do caminho, já era. Leva uma bala perdida da polícia. 

Não dá para falar em polícia brasileira e não dizer que ela espera uma certa cegueira de nós neste processo de pacificação no Rio. Como se o governo tivesse realmente resolvido se importar com o tráfico de drogas e a violência que afeta a população brasileira!

Como não é possível colocar tapumes em volta de todas as favelas e poupar os turistas do barulho dos tiros e da paisagem pouco atraente dos morros, como fizeram no caminho para o aeroporto do Galeão, inventou-se a Unidade de Polícia Pacificadora. Como se armas e paz combinassem! 

Como se não soubéssemos que o governo está desesperado e, com razão, para acabar com a violência latente perto de nossos cartões postais, que serão vistos de muito perto pelos turistas estrangeiros na Copa de 2014 e nas Olimpíadas de 2016. Quando se trata da imagem do Brasil no exterior o governo sabe se planejar direitinho.

É por essa e por outras que torço pelo crescimento do senador Cristovam Buarque na política. Talvez alguém saído da Educação, como um ex-reitor da UnB, possa iluminar as mentes subdsenvolvidas de seus colegas políticos.

Sim porque corrupção não é apenas um grande sinal de egoísmo e um crime, mas é uma prova de subdesenvolvimento das idéias. Esse é o pior tipo de subdesenvolvimento que podemos sofrer, pois implica na continuidade do desvio de dinheiro que castiga aqueles que mais precisam de educação pública, saneamento básico e etc.

Cristovam sugeriu que os filhos de políticos frequentassem escolas públicas, pois assim elas melhorariam de forma célere. Só com educação e civilidade o nosso país ficará livre da violência. UPP é mata-baratas, educação é higiene que torna a UPP dispensável.