Saturday, October 22, 2011

O meu parto na Irlanda


A indução do parto foi marcada para o dia 6 de outubro, qual seja, 10 dias após a data prevista para o parto - 26 de setembro. Chegamos no hospital às 8:00 am conforme pedido pelos médicos, na 41a semana de gravidez. Contudo, tive que esperar 7 horas até ser encaminhada para um quarto. O Pete ficou comigo o tempo todo.

Cerca de 15h30 uma médica introduziu gel, dando início à indução. Esperaram 6hs até me aplicarem uma segunda dose de gel. Enquanto isso monitoravam o coração da fofucha por 30 minutos regularmente. 

A segunda dose de gel foi ministrada às 21h30. Eu havia dilatado apenas 1cm até então e, por isso, uma enfermeira e eu aconselhamos o Pete a ir para casa descansar para que ele pudesse me ajudar durante o parto.

Comecei a sentir dor no meio da noite. Não dava mais para ficar deitada. Ao andar a dor amenizava um pouquinho, mas era difícil andar com a pressão (peso) da fofucha. Os médicos e enfermeiras falavam que o parto poderia durar um dia mais, o que eu achava incrível tendo em vista a dor que estava sentindo.

Na manhã seguinte a médica resolveu inserir gel em mim pela terceira vez. Eu continuava com apenas 1cm de dilatação - é necessário 10cm para o parto. Essa notícia não foi nada agradável, considerando a dor que senti durante a noite, quando ouvia uma mulher dando a luz e gritando de dor. Me perguntei várias vezes se eu daria conta de dar à luz naturalmente depois de uma noite tão longa e mal dormida. Quando disse isso à uma enfermeira ela retrucou dizendo que eu não dormiria nunca mais (cuidado com o que você diz para uma grávida, pois ela não esquece jamais).

As contrações ficaram mais intensas e uma enfermeira sugeriu que eu usasse a banheira com água quente para amenizar a dor, algo que eu já estava no meus planos. Fiquei 2 horas na banheira e a dor era menor e passava mais rápido dentro d'água, mas mesmo assim não era brincadeira. Como estava super cansada eu dormia cerca de 1 min entre as contrações. 

Quando saí da banheira a dor voltou com tudo e eu gritava involuntariamente. Uma médica veio furar minha bolsa, pois durante o monitoramento do batimento cardíaco da fofucha viram que ele estava mais lento. Obviamente ninguém me falou isso para não me preocupar. Nem as enfermeiras nem o Pete, que observava o monitoramento também, mas ninguém ficou de braços cruzados.

Logo chegou uma médica que estourou a bolsa. O líquido continha mecônio, o que indicava que a fofucha estava estressada, e por isso resolveram realizar uma cesárea emergencial. Até então eu acreditava que seria parto normal. Este era o meu deseja, mas... em questão de minutos eu já estava na sala de cirurgia sendo transferida para a estreita mesa de cirurgia. Eu continuava gritando de dor e pedi desculpas à equipe médica. Estavam todos concentrados na cirurgia, talvez nem me ouviram (brincadeira, impossível).

Não via a hora de receber a peridural, que foi aplicada em seguida. Senti o clássico choquinho quando a agulha entrou e só. Ela pegou rápido. Os médicos disseram que minhas pernas estavam caindo para os lados e eu disse que eles podiam amarrá-las. Eles disseram que elas já estavam amarradas. 

Em questão de 15 minutos a fofucha já estava sendo retirada, limpa e  entregue para o Pete. Ela ficou olhando para ele e eu olhando para os dois. Mal podia acreditar. Os olhos dela eram uma fusão dos do Pete com os meus: azuis com bolinhas marrons bem gradinhas. Levaram uns 20 minutos para terminar a cirurgia e uma vez terminada fui levada para uma sala de monitoramento pós-parto, onde ficamos por 30 minutos antes de sermos levadas para a maternidade.

Ahhh quando colocaram a fofucha nos meus braços... Só de lembrar da emoção eu choro de novo. Nunca vou esquecer aquele momento. O mundo desapareceu. Só existiam a fofucha e eu naquele momento. Ela foi deitada sobre o meu peito, enrolada numa toalha branca, enquanto empurravam minha maca hospital a fora. Quando chegamos na sala de monitoramento, fizemos contato pele-com-pele para ajudar no vínculo entre nós duas. Foi emocionante!