Wednesday, April 13, 2011

Sacrifício virtual para uma quaresma real

Li um post sobre a quaresma no site da CNBB e lá Dom Eurico dos Santos Veloso dizia que a quaresma nos chama à reconciliação, à mudança de vida, a assumir a busca da humanidade inteira por libertação, justiça, dignidade, reconciliação e paz. 

Não espero conseguir tanto com meu sacrifício virtual, mas é interessante darmos uma pausa naquilo que está nos fazendo mal para tentarmos ver a questão sob outro ângulo ou nos colocarmos no lugar da outra pessoa ou ainda, simplesmente para nos desintoxicarmos.

Muito progresso pode ser obtido fazendo-se uma pausa, mesmo que não consigamos uma mudança de vida imediata em seguida. Na pior das hipóteses terminamos nos sentindo mais fortes, mais conscientes sobre a questão e mais hábeis para evitar ou diminuir o problema. 

De certa forma, é estar mais próximo do projeto de Deus, pois ao mesmo passo que identificamos o que nos distancia dele, olhamos para dentro de nós e buscamos melhorar. Ah! E temos licença para comer chocolate à vontade no final! É uma boa recompensa na páscoa ou fora dela. 

Não sei ao certo se foram os tira-onda no Facebook ou a chegada de Charlie Sheen ao Twitter que me deram um empurrãozinho para fazer o sacrifício virtual durante a quaresma, ou seja, nos 40 dias que antecedem a páscoa.

Na verdade, à princípio, eu me comprometi a fazer uma semi-quaresma, por um período de 30 dias. Disse isso em ambas as redes sociais, pois deixando as pessoas a par a 'humilhação' seria maior se eu 'falhasse', o que automaticamente me faria ter mais forças para seguir com o meu propósito.

Para não ter chances de trapacear pedi ao administrador de sistema daqui de casa, vulgo, marido, para bloquear o Facebook e o Twitter no meu computador, o que ele fez a partir do computador master, o dele. O celular com internet foi desligado e afastado.

A página do Facebook ficava sempre aberta no canto da tela, o que me permitia saber as atualizações dos amigos de imediato. Ficar sem isso foi a parte mais difícil no começo, pois já era hábito. 

Então, eu me lembrava dos status que me irritavam, como os daquelas pessoas que parecem só usar o Facebook para 'contar vantagem'. Bem, na visão delas elas estão 'contando vantagem', mas para mim elas se mostram fúteis quando não pequenas também. Eu não estava gostando de pensar isso sobre as pessoas. Daí esse sacrifício na quaresma, eu dizia para mim mesma.

A situação no Twitter ficou semelhante do ponto de vista de como eu me sentia. Pessoas tidas como normais e bacanas estavam seguindo Charlie Sheen, repassando seus tweets e comentando sobre ele, o que de certa forma estimulava o ator a acreditar que ele é o vencedor que ele acredita ser mesmo tendo se comportado de forma a perder o emprego mais bem pago na tv americana com o uso de drogas químicas. Isso sem falar nas suas namoradas, mas ninguém no Twitter parecia se importar com isso. Charlie Sheen parecia mesmo ter uma licença para agir como um idiota.

Assim, eu vi a quaresma como uma oportunidade de me afastar disso tudo. Hoje, após 36 dias, eu posso dizer que não sinto falta do Twitter. Já do Facebook sinto um pouco, uma vez que lá posso ver fotos das pessoas que não vejo no dia a dia devido à distância. 

Eu recomendo esse tipo de pausa por diversos motivos:

  • Não damos continuidade a sentimentos negativos ou nos chateamos por besteira.
  • Não há como mudar o outro, mas não estando presente não lemos o que não nos agrada.
  • Notícias importantes chegam rápido por email e telefone também.
  • Quanto menos tempo gastamos em redes sociais mais atenção damos às pessoas ao nosso redor.
  • As novidades de amigos de amigos que não conhecemos, mas que muitas vezes somos 'obrigados' a ler, caem para zero.
  • Ficamos menos suscetíveis a queimar o nosso filme, especialmente no Twitter onde parecemos pensar menos antes de falar alguma coisa.