Friday, May 25, 2012

Um dia muito quente


A temperatura máxima de hoje foi 25C. É como se fizesse 35C para os irlandeses e para mim também, pois meus pés incharam! Normalmente isso só acontece quando vou para o Brasil - onde fui ao médico e fui informada que minha circulação é boa.

Enfim, no final da tarde fui até a farmácia comprar paracetamol líquido para a fofucha, no caso dela ter dor. O primeiro dentinho dela está para nascer e a gengiva dói vez ou outra à noite. Me deparei com o cenário usual de um dia quente na Irlanda: vários jovens como este na foto acima. Não com a marca dos óculos porque eles não são bobos, mas a marca da camiseta é idêntica. Já o tom das queimaduras é um tom mais rosado. Parece bem doloroso...

Num dia como hoje eles vestem short e camiseta clara, embora muitos nem aguentam a camiseta. Já a fofucha, que saiu para um passeio no calçadão com o pai depois das 15hs, vestiu um body, uma camiseta de mangas curtas e uma calça. Todos de algodão. Enfatizo o material, pois até hoje ela sempre usava algo aveluado ou cardigã, preferencialmente crochê (que tem furinhos) para ficar em casa. Para sair colocávamos mais camadas de roupas e/ou coberta. 


Hoje cobrimos o carrinho com uma capa que tem proteção UV (UPF 50+). Nunca vi ninguém usando. Ontem a utilizei também e algumas pessoas olhavam como se ela fosse filha do Michael Jackson...


Desde ontem ela dorme com este saco de dormir na foto. Ele é da expessura de um lençol e tem tog 0.5, que é para quarto com temperatura entre 24C e 27C. Faz 24C no quarto dela. Normalmente faz 18C e ela usa um de tog 2.5. O calor trouxe muitas mudanças. Menos roupas, janela aberta ao dormir (no começo da noite) e muito uso do termômetro, que é maravilho. Falarei sobre ele no próximo post.

Sunday, May 13, 2012

Primeiras duas horas do Dia das Mães

Enquanto a minha fofucha tira a sua primeira soneca do dia vou contar o que já fiz entre às 7:00 e 9:45 da manhã de hoje, o meu primeiro Dia das Mães!

- Troca de fraldas enquanto canto para ela.
- Preparo do café da manhã: porridge (da Milupa) e mamadeira (preparada pelo pai na madrugada), mas tem que esquentar.
- Preparo das demais mamadeiras de leite e água do dia. Todas ficam na geladeira para serem levemente esquentadas antes de servir.
- Outra troca de fraldas. O café da manhã fez o intestino funcionar!
- Preparo de purê de pera e maça no vapor para ser servido com iogurte natural no lanche da tarde de hoje, mais 2 potinhos que foram congelados.

Antigamente eu não teria feito nadinha, pois ainda estaria dormindo. Feliz Dia das Mães*!

O purê de ameixa do lanche da manhã eu preparei ontem. Congelamos lanches e almoço para durar uns 3 dias. Todos são feitos no vapor usando o aparelho da Philips Avent. O café da manhã e a última refeição são feitos na hora (papinhas da Milupa). Agora com 31 semanas, ela toma 3 x 210 ml de Follow On Milk (da Aptamil) e 2 x 100ml de água fervida e resfriada.

*Hoje não é Dia das Mães na Irlanda. Aqui ele é comemorado em março. Todavia para mim o que vale até hoje é o brasileiro, afinal minha mãe está no Brasil. Quando a minha fofucha crescer e me desejar feliz Dia das Mães em março ele passará a valer para mim.

Wednesday, May 09, 2012

Re: É possível obrigar um pai a ser pai?


O título deste post faz referência ao artigo da jornalista Eliane Brum na Revista Veja desta semana. Ela critica a decisão do STJ em favor da filha que buscou reparação por abandono afetivo. 

O argumento principal da jornalista é que o Estado não deve interferir na relação privada entre pai e filha o punindo por ter faltado com seu afeto. Ela alega que o juiz não tem possibilidade de avaliar o afeto por ser uma questão subjetiva. Ela ainda sustenta a idéia de que a filha usou a justiça para se vingar do pai que segundo ela foi obrigado a pagar o valor equivalente à um apartamento, qual seja R$ 200,000. 

A jornalista critica a autora da ação dizendo que a sua lamentação pelo amor não recebido a coloca numa posição infantilizada e incoerente com a sua idade. Ela escreveu ¨crescer significa parar de choramingar e seguir adiante¨, mas afirma que não tem dúvidas que a filha sofreu.

Em suma, ela acredita que a decisão do STJ é um mal precedente. ¨Um Estado que cada vez mais se arma do direito de entrar dentro das nossas casas e determinar como devemos viver¨, ela escreveu.

Todos tem o direito de expressar a sua opinião. Se ela não tivesse adentrado no campo jurídico tudo teria ficado bem, pois o Direito não é o que achamos, mas sim o que de fato é. 

Os juízes lidam com questões subjetivas o tempo todo. As ações de compensação por dano moral estão aí para comprovar isso. Qualquer pessoa que se sente ofendida tem o direito de buscar reparação na justiça. Isso não significa que vão obter êxito. Depende de cada caso e do convencimento do juiz. Aliás, ao meu ver o artigo que estou comentando dá uma boa ação de danos morais...

De qualquer forma, pouco importa como vai se chamar a ação. Reparação por danos afetivos. Reparação por humilhação paternal. O que importa é o conteúdo. No final das contas o juiz vai avaliar se o pedido procede e se proceder vai reparar com a moeda corrente naquele país, o vulgo dinheiro. Ou a jornalista esperava que a sentença fosse ser um beijo e um abraço do pai? Se a filha tivesse conseguido algo que é gratuito e esperado por qualquer criança ela obviamente não teria se exposto em caráter nacional.  

Digo ainda que não cabe aos juízes julgar os problemas psicológicos das pessoas a não ser que elas tenham cometido um crime e certamente nesse caso a filha não comenteu crime algum, ela foi sim é vítima de maus tratos psicológicos em forma de omissão, algo pouco falado porque quando a pessoa se dá conta de que foi vítima, ela já é adulta e se expressar sua tristeza vem uma jornalista supostamente humana e a ridiculariza em milhares de exemplares de revista e em artigo na internet também.

Last time I checked quem requer a ação de pensão não é o filho, mas o pai ou a mãe, que o faz em nome dele. Quando o filho tem discernimento o suficiente para saber que a pensão é insuficiente para suas necessidades ele já passou da idade legal para receber pensão ou pedir reajuste. Todavia, afirmar que a ação de reparação foi para suprir esse ajuste também foi outro preconceito da jornalista contra a ¨mulher infantilizada¨.

Basta uma lida em Introdução ao Estudo do Direito para saber que o Estado não entra na casa de ninguém. Quem entra é o direito um sistema normativo coercitivo que se encarrega de regular os comportamentos do convívio social humano. “Onde está o homem está a sociedade; onde está a sociedade está o direito”. Se o Direito não tratasse de questões privadas não haveria Direito de Família nem sequer um contrato de locação. 

Normalmente eu exerço mais paciência no meu blog, mas este caso me tirou do sério pela inferiorização desnecessária de uma pessoa que já foi inferiorizada a vida inteira. Até a próxima! Antonio Carlos Jamas dos Santos Luciane Nunes de Oliveira Souza

Tuesday, May 08, 2012

Irlanda entre os melhores países para se tornar mãe

Clique na imagem para vê-la maior


A organização não-governamental Save the Children publicou hoje um ranking dos melhores países do mundo para se tornar mãe. A Irlanda ficou em 9o lugar enquanto o Brasil ficou em 54o. Dez posições atrás de Cuba, que ficou em 44o.

Alguns amigos e parentes já brincaram comigo para eu voltar para o Brasil por causa da recessão européia que atingiu a Irlanda de cheio há mais de 2 anos. Nunca respondi às brincadeiras porque a resposta envolve comparar a vida na Irlanda com a do Brasil e todos eles estão no Brasil. 

A questão é que mesmo durante a recessão as pessoas aqui tem saúde de graça de qualidade, se quiserem ou precisarem. É claro que a saúde na Irlanda não é perfeita. Entretanto os órgãos que monitoram os pacientes nas emergências do país afora, por exemplo, controlam de perto o número de pessoas esperando por um leito. Se alguém é atendido na parte pública do hospital é um escândalo nacional. 

Não existe o problema de pacientes não operados por falta de material como normalmente ocorre no Hospital Universitário de Brasília. Cito este hospital, pois sou de Brasília e acompanho as notícias de lá com frequência. 

Finalizando a questão da saúde, pode-se resumir que a diferença entre o Brasil e a Irlanda é que no primeiro país há um descaso geral, digo de políticos e de certos médicos que discriminam os pobres, somado à corrupção que desfalca os cofres públicos e consequentemente  afeta a saúde. Já na Irlanda o problema maior é a administração dos hospitais. 

Quanto à benefício social decorrente do nascimento de um bebê, na Irlanda, todas as mães recebem cerca de R$355 por mês. E o mais importante: este dinheiro vale cerca do triplo [do que no Brasil] porque itens para bebês e crianças são isentos de VAT, que corresponde à 23% sobre a maioria dos produtos e serviços.

Para você ter uma idéia, hoje mesmo compramos uma caixa com 87 fraldas Active Fit tamanho 5+ da Pampers por R$38. No Brasil sai por quase R$100.

Como já falei da existência de saúde pública para todos, você já deve subentender que o pré-natal, parto e permanência no hospital após o parto são gratuitos. E uma parteira ainda faz duas visitas a nova mamãe quando esta volta para a casa. Entenda parteira como uma profissional qualificada que chega a realizar o parto normal no hospital se não há complicações. Já tirei dúvidas com a nossa duas vezes por sms. Sim, Olivia é fantástica.

Há ainda uma série de benefícios sociais para ajudar os pais a comprarem uniforme e tênis para escola (veja Angela Ashes e verá a pobreza da Irlanda no passado) e outros mais, mas apenas para quem precisa. Não para todos. E quando a criança chega na idade escolar frequenta a escola de graça. 

Apenas pelo ponto de vista de uma mãe ou pai você já entende que mesmo em recessão a Irlanda é um país que objetiva a igualdade social. A questão é que aqui o bem estar da criança é levado bem mais à sério e isto tem uma série de implicações positivas nas vidas dos pais. Sobretudo acredito que em geral os pais são menos estressados e tem mais condições de passar mais tempo com os seus filhos. Existe creches (pagas) também, mas o suporte governamental dá mais condições para que pelo menos um dos pais não terceirize a criação dos filhos. 

Da mesma forma que as crianças são mais respeitadas, as mães (ou pais) que optam ou tem que cuidar deles são valorizados. Não é incomum mães de classe média abrirem mão de suas carreiras para cuidar de seus filhos ou trabalharem meio périodo (4 horas) para não verem seus filhos criados por terceiros. 

Agora você entende porque eu nunca respondi as brincadeiras? A verdade parece uma crítica ao Brasil e aos pais no Brasil. No que se refere ao governo brasileiro, eu digo que sim. No que se refere aos pais, não porque eles são vítimas de toda uma estrutura que não escolheram. 

Hoje o Brasil pode ser financeiramente mais rico que a Irlanda, mas em termos sociais não há comparação. A Dilma ainda tem muito trabalho pela frente. Felizmente ela está mudando a mentalidade de alguns já.

Este post foi escrito por impulso, após ler a matéria do Opera Mundi. Bem, a maioria dos meus posts são assim. Se não for assim não escrevo. O último foi há 1 mês!