Wednesday, September 05, 2007

Dia 11 - Um galo por um bolo de cenoura

Como de costume, ontem o Pete ligou no intervalo do café da manhã e do almoço. Tínhamos combinado de ir ao banco quando ele saísse do trabalho. Ofereci uma xícara de chá quando ele chegou em casa - como um bom britânico ele adora chá - mas ele preferiu tomar café no centro para não nos atrasarmos. Ele foi tirando a roupa rápido para tomar banho e enquanto isso eu fui acabando de me vestir.

Nessa confusão ele acabou batendo o cotovelo dele bem no meio da minha cabeça. Foi tão forte e inesperado que começou a sair lágrimas dos meus olhos. Eu não despenquei a chorar. Segurei a onda e disse, num tom normal, para ele ir tomar o banho dele.

Terminado o banho, ele disse que teria que comprar um bolo de cenoura para me compensar. No que refere-se à doces, na Irlanda, esse bolo é o que há de melhor, na minha opinião de formiguinha brasileira, ele sabe disso. Eu respondi de imediato: "Mas assim eu vou querer que você bata seu cotovelo na minha cabeça todos os dias".

Depois do banco comemos o bolo. Ele pediu dois. Disse que foi no caso deu achar um pouco. Sei! Ele terminou o dele antes de mim, que saboreou aquilo como se fosse a última refeição de um condenado à pena de morte. Ainda veio um creminho ao lado. Uma delícia!



Quando ele foi pagar demorou tanto que eu fui ver o que se passava no caixa. A caixa, uma irlandesa que mais parece uma pequena rechunchudinha holandesa estava de prosa com ele. As bochechas dela pareciam dois tomates. E o nariz, uma cenoura enfiada no meio dos dois. O Pete explicou que ela falou para ele que ela não pôde deixar de perceber que ele estava acompanhado - ele é cliente antigo de lá. Ela ainda perguntou sobre mim, inclusive minha nacionalidade.


Ao final da conversa, quando eu já estava ouvindo o que eles falavam, ela brincou dizendo que queria ser convidada para o casamento e que levaria café. O Pete retrucou dizendo que se ela levasse bolo de cenoura a entrada dela era garantida.