Monday, July 12, 2010

Veja o cúmulo do machismo

Eis o cenário: uma revista, 8 colunistas, 1 suspeito e 1 vítima. Na página principal vê-se 3 colunistas do sexo masculino sempre destacados antes ou à frente de qualquer um do sexo feminino. 

Uma das colunistas é médica psicanalista, especializada na França e escritora com livros publicados na Europa e Ásia. Ela trata de uma gama infindável de assuntos complexos e importantes. Sua coluna é reduzida às palavras sexualidade e consultório sentimental. 

Passemos ao suspeito com destaque na mídia no momento. Ele é acusado de cometer uma sequência de crimes que levaram ao mais sério deles: o homicídio com maior ¨desrequinte¨ de crueldade de todos os tempos. 

Alguns dirão que a revista deu o nome do mais provável criminoso ao caso, pois ao contrário da vítima, ele é famoso e que o objetivo das revistas é vender. 

Todavia este argumento é simplista. Não leva em consideração que ao intitular o caso com o nome do possível criminoso, a revista perpetua a fama, mesmo que negativa, de quem deveria ser esquecido. Colabora não somente para o esquecimento do nome da vítima, mas para o mais importante: que este crime representa a concretização da mais recente e cruel violência cometida contra uma mulher na sociedade brasileira. 

Se reduz-se uma médica à palavras triviais, desintegram uma mulher vítima da própria sorte de uma forma quase tão fria quanto o foi fora das páginas. 

Isto, contudo, não é feito propositalmente. É fruto do machismo, que é tão arraigado na cultura brasileira que poucos veem ou questionam. 

Se o que nos é oferecido perpetua a valorização dos feitos dos homens em detrimento do das das mulheres devemos questionar o que é posto à nossa frente. Temos que desenvolver a igualdade dos sexos para alcançar os países já desenvolvidos nesse sentido urgentemente!